quarta-feira, 11 de agosto de 2010

O FUTURO DA TELEVISÃO, SEGUNDO BONI.











“Sempre olhar para a frente, nunca olhar para trás” é a frase que, segundo José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, rege sua vida. Por isso, Boni, atualmente acionista da Rede Vanguarda, afiliada da Globo no Vale do Paraíba, tenta deixar para trás, no lugar onde devem estar, seus 58 anos dedicados à televisão brasileira, que em breve completa 60 anos.



Não, ele não ignora o passado, mas também a ele não se prende, como deixou claro na recente entrevista que concedeu ao jornal O Estado de S.Paulo. Um dos principais agentes da construção do chamado “padrão Globo de qualidade”, Boni considera que mudanças devem ser feitas, principalmente em termos de conteúdo na programação televisiva brasileira, e tem certeza de que, dificilmente, a Globo voltará a atingir os 60 pontos de audiência que alcançava em sua época.



“Acho que 60 pontos é difícil, esse processo é irreversível, mas confio na TV Globo, tanto que sou afiliado. Ela cresceu muito em produção, que hoje é significativamente melhor do que no passado, mas o conteúdo nosso foi melhor. Tivemos a oportunidade de usar gente de fora da televisão. Hoje, ela está muito repetitiva. Tem que vir gente da literatura, do cinema. Não adianta criar novos autores treinando com autores existentes, porque eles vão aprender a fazer aquilo que já está sendo feito”, defendeu Boni, que acredita, entre outras coisas, que a grade da TV deve mudar.



“E quando falo mudar, não vai mudar amanhã cedo, talvez em 30 anos. A tecnologia é rápida e o conteúdo evolui lentamente”, diz ele, que defende a redução do volume da produção como um dos primeiros passos para a mudança. “Renovar a programação não é trocar de cenário no jornal, nem botar lá uma alavancazinha para o Jô Soares subir de um andar para outro que não chega a lugar nenhum, é ver conteúdo. Não consigo entender, agora, essa mania da Globo de programas de comédia, todos comédias de situação, todos iguais. Temos poucos autores na TV, ainda mais em humor, uma coisa muito difícil de se fazer. Depois vai olhar a audiência, dá 16, 17%”, questiona.



O video on demand, a possibilidade de ver o quê, onde e quando quiser, é o futuro da televisão, de acordo com Boni, que acredita que a força da TV aberta deve vir de eventos transmitidos ao vivo, como shows e competições esportivas. “A TV tem de estar preparada para isso, com gerenciadores de programação, onde você pode misturar essas coisas todas, internet, televisão, iPhone, e pode usar a televisão na hora que você quiser ou para assistir a eventos”, finaliza Boni.

MATERIAL ENVIADO POR: ANA PAULA VIDAL